Richard Bennett

Como sacerdote, eu acreditava realmente que ao trazer as pessoas para os sacramentos, estava trazendo-as a Cristo. Em todos as paróquias que servi, sempre ia de porta em porta motivando as pessoas a virem a igreja para que seus bebês fossem batizados e a que, se a criança estivesse nas últimas horas de sua vida, chamassem o padre.. Se eu puder fazer com que as pessoas recebam os sacramentos,  pensava eu, estarei unindo-as a Cristo.

Neste artigo, desejo tratar de três sacramentos em particular: batismo, confirmação ou crisma e unção dos doentes. O batismo era para mim o portão de entrada para a vida eterna e a entrada para os outros sacramentos. Para aqueles que passavam pelos anos difíceis da adolescência, eu acreditava e  ensinava que a confirmação formava jovens fortes e cristãos perfeitos. Quando encontrava pessoas que viviam uma vida de pecado, era uma grande consolação para mim ungi-las na hora da morte com óleos santos, para que, dessa maneira, pudessem de fato alcançar Cristo afinal. Em minha mente, a pressuposição era o que frisava o Catecismo  da Igreja Católica Romana:

A Igreja afirma que para os fiéis os sacramentos da nova aliança são necessários à salvação. A “graça sacramental” é a graça do Espírito Santo dada por Cristo e peculiar a cada sacramento.

Era  exatamente isso que eu acreditava e ensinava ao povo. A graça do Espírito Santo vinha dos sacramentos.  Se as pessoas recebessem os sacramentos, estariam recebendo a graça do Espírito Santo. Na minha mente, e nos corações e mentes das pessoas, os sacramentos, o Espírito Santo e Jesus Cristo eram colocados no mesmo pacote.

A realidade, porém, chocou o meu ser quando, depois de ter ungido pessoas com o sacramento dos doentes, ouvi-as morrerem blasfemando contra Deus. Quando os adolescentes que com tanto cuidado preparei para a Crisma terminavam nas drogas, na fornicação, nos roubos e no desânimo, a veracidade dos fatos falavam a mim. Quando vi que os bebês que tinha batizado cresciam não diferentes de seus vizinhos hindus e budistas, considerei se de fato “a graça sacramental” era a graça do Espírito Santo.

Enquanto questionava esses três sacramentos, orei pela luz e a verdade do Espírito Santo. Você pode ver que levou muitos anos para eu entender. Na dissertação sobre estes três sacramentos, estou orando pela iluminação e pela verdade do Espírito Santo, de forma que o leitor possa logo entender o que para mim foi um processo de muitos anos.

As Escrituras retratam o glorioso Jesus Cristo em Sua obra e em Seu sacrifício como objeto da fé. Substituí-Lo por um ritual é desastroso para a alma. Como tais rituais continuam tendo tanta atração e com tanta demanda? É isso que devemos analisar à luz da verdade revelada e do amor de Cristo.

Renascimento pelo batismo

A idéia de que a pessoa pode nascer novamente pelo batismo é muito atrativa. Se fosse verdade, que pais não gostariam de ter a segurança através deste sacramento de que seus bebês renascerão como filhos de Deus? O ensino oficial católico afirma que o novo nascimento pelo batismo é  demonstrado pelas seguintes palavras:

O batismo, o portão para os sacramentos, necessário para a salvação pela real recepção, ou ao menos pela intenção, só é validamente conferido pela lavagem com a água da verdade e com a forma própria das palavras. Através do batismo, homens e mulheres são libertados do pecado, nascidos de novo como filhos de Deus, e, configurados em Cristo por um caráter indelével, são incorporados na Igreja [Católica Romana].

Por vinte e um anos, eu batizei uma média de trinta bebês por mês. Eu assegurava às mães e aos padrinhos que seus filhos eram agora filhos de Deus. Ainda hoje é isso que o padre deve dizer, de acordo com o que é exigido: “a forma própria das palavras”. No final do ritual de batismo de uma criança o sacerdote diz: “Queridos e amados, essa criança nasceu de novo pelo batismo. Ela é agora chamada filha de Deus. Que assim seja”. O atrativo para os adultos é ainda maior. Não somente a nova vida, a vida de Deus, era e é prometida, mas também era dada e continua sendo dada  a certeza do perdão de todos os pecados. As palavras garantem isso estão no Catecismo: “Pelo Batismo, todos os pecados são perdoados: o pecado original e todos os pecados pessoais, bem como todas as penas do pecado”.

“Uma fagulha de espiritualidade”

Nas paróquias onde servi, o batismo de bebês era comum e o de adultos raro. Como muitos outros padres, a coisa que eu mais detestava era batizar bebês. Lembro que numa conferência anual para sacerdotes, alguns padres fizeram o que chamam de fagulha de espiritualidade. Eles abriram seus corações a respeito da depressão que sentiam ao realizar batismos de infantes. Seu maior desgosto era a certeza de que nunca mais veriam a mãe ou a criança novamente. Um deles disse: “Nosso trabalho era encubar, ajuntar e despachar, em batismos, casamentos e funerais”.  Destes,  de “encubar” era o mais doloroso. Depois de cerca de dez ou doze anos na vida de pároco, havia uma forte suspeita de que tudo o que acontecia, eram apenas os gritos e choros dos bebês, algumas gotas de água na cabeça da criança e um certificado de batismo nas mãos da mãe. Para aqueles que vêm realizando batismos de crianças ano após ano, as palavras oficiais de advertência sobre o ritual soam como um gongo:

A gratuidade pura da graça da salvação se manifesta particularmente no Batismo das crianças. A Igreja e os pais privariam então a criança da graça inestimável de tomar-se filho de Deus, se não lhe conferissem o Batismo pouco depois do nascimento.

O mandamento de Cristo para crer e ser batizado

Em constrate extremo com as declarações do Vaticano, as palavras do Cristo ressurreto ao entregar o Evangelho  são bastante claras:  “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado”.  A fé é a chave da graça salvadora e a incredulidade é o pecado principal que leva á condenação. A fé é necessária à salvação, e o batismo é uma ordenança que segue a fé, e simplesmente testifica sobre a mesma. A prova disto é a omissão da segunda metade do versículo: não é “quem não for batizado será condenado” mas, “quem não crer”. A fé é tão indispensável que, mesmo que alguém seja batizado sem crer, será condenado. O pecador é condenado por causa da sua natureza pecaminosa e do seu pecado pessoal. A justiça divina está sobre ele. Nada pode propiciar a justiça de Deus, a não ser a fé salvífica em Cristo. Pela graça de Deus, esta fé traz instantaneamente o ato divino de justificação.

O poder das promessas sacramentais do Vaticano somente engana o povo e escarnece tanto da justiça como da graça do Senhor Deus.

Segundo a Bíblia, “…a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo”.

No ministério do apóstolo Paulo, o carcereiro em grande agonia de espírito perguntou:

“Senhores, que devo fazer para que seja salvo?” A resposta clara e direta do apóstolo Paulo e de Silas foi: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”.  O carcereiro e sua casa ouviram a Palavra de Deus primeiro para então poderem crer: “E lhe pregaram a palavra de Deus e a todos os de sua casa”.

Claramente, o ensino oficial do Vaticano sobre o batismo é uma falsificação espúria da verdadeira fé salvadora. Crer no Senhor Jesus é vida e salvação. Nas palavras do apóstolo, o batismo é importante porque o Senhor o ordenou. O batismo testifica da fé salvadora, sendo uma declaração pública da obra completa de Cristo aplicada a uma alma individualmente. A fé é necessária à salvação, enquanto que o batismo, mesmo que seja importante, não é essencial à ela. Nas próprias palavras de Cristo: “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”.

O acréscimo de atrações médicas e educacionais

Meu coração se entristece por amor dos católicos porque o batismo é uma isca que leva a outras áreas da religião. Vivi como pároco vinte e um anos e vi muitas mães jovens que desejavam batizar seus filhos para que pudessem introduzi-los no sistema educacional católico. Em Trinidad, não eram apenas católicos que queriam batizar seus bebês, mas também hindus, budistas e islâmicos. Alguns fingiam ser católicos. Outros diziam francamente que queriam o certificado de batismo católico para que seu filho pudesse estudar na escola primária católica e depois nas faculdades católicas. Desta maneira, o sistema de educação católico trabalha junto ao batismo de crianças, para dirigir muitas famílias à organização católica global. A estratégia de Roma não é simplesmente expandir os sacramentos. O ato dos sacramentos é um portão de entrada para atrair muitas pessoas aos sistemas educacional  e  hospitalar  católicos.

Quando Roma decidiu ganhar os protestantes para o catolicismo nos Estados Unidos da América, seu plano documentado era atraí-los através da educação, da medicina e dos sacramentos. Em 1810 o bispo católico romano Bruté escreveu sobre a referida estratégia dando primeiramente os seguintes pontos:

Conversão dos protestantes. É necessário considerar as conversões: 1. pelo ensino direto; 2. Pela educação entre católicos; 3. Pelos casamentos mistos; 4. Pela internação nos hospitais ou de outra forma à beira da morte…

…A princípio observei que tinha tido uma forte proporção de protestantes convertidos em nossos Estados Unidos desde a Revolução Americana. Desde 1810 quando cheguei… nossas escolas tanto de meninos como de meninas, todas recebem um grande número de alunos protestantes. Eles seguem todos os exercícios religiosos da escola e ouvem constantemente as mesmas instruções.

Consequentemente, os frutos  se revelam mais cedo do que se imagina. Muitos desejam tornar-se católicos e obtêm o consentimento dos pais.

Lamentavelmente, estes planos humanistas têm obtido sucesso em aumentar o poder de Roma e os números em seu sistema. Tais esquemas antibíblicos, porém, estão em total oposição aos meios de estabelecimento do Reino de Deus ensinados nas Escrituras. Cristo Jesus declarou: “O meu reino não é deste mundo”. Seu reino não é uma instituição política regida por normas mundanas. É, antes, um regime espiritual regido pela fé. Os meios que Cristo usa para sua  expansão é o  Evangelho da graça de Deus.

A atração da confirmação

Nos anos da adolescência, o sacramento da crisma tem um grande magnetismo para fortalecer as garras do sistema católico sobre as crianças. O padre John O’Brien explica o que é e como é celebrada a confirmação:

… A  confirmação é administrada pelo bispo e consiste na imposição das mãos e na unção com o crisma, uma mistura de azeite de oliva e bálsamo, benzido pelo bispo, às quintas-feiras Santas. Ao ungir a testa com o crisma, o bispo diz: “Eu ponho em ti o sinal da cruz e te confirmo com o crisma da salvação em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo…”. A imposição das mãos simboliza a descida do Espírito Santo. O óleo era usado em tempos antigos para massagear os músculos e membros de lutadores e atletas para maior resistência. O bálsamo é usado para preservar cadáveres da decomposição. Assim, a unção com o crisma significa que as pessoas confirmadas recebem a força para preservar a vida sobrenatural da alma da perdição. Depois de ungir, o bispo dá um leve sopro na face da pessoa para lembrá-la de que agora deve estar disposta a sofrer perseguição e até a morte pela fé em Cristo.

O romanismo oficialmente ensina as reinvidicações dos efeitos da confirmação:

A confirmação  aperfeiçoa a graça batismal; é o sacramento que dá o Espírito Santo para enraizar-nos mais profundamente na filiação divina, incorporarnos mais firmemente a Cristo, tornar mais sólida a nossa vinculação com a Igreja [Católica]…

Pelo sacramento da confirmação [os fiéis] são vinculados mais perfeitamente à Igreja .

Durante a Semana Santa, o bispo é responsável para fazer o crisma que será usado na confirmação. Oficialmente, “O bispo derrama o bálsamo ou perfume no óleo e mistura o crisma em silêncio… Depois disto ele canta ou faz a invocação: ‘Oremos para que Deus nosso Pai todo poderoso abençoe este óleo a fim de  que todos os que forem ungidos com ele possam ser transformados interiormente e venham a compartilhar da salvação eterna”.  Então consagra o óleo com as assombrosas palavras: “E assim, Pai, nós  Te pedimos que abençoes este óleo que criaste. Enche-o com o poder do Teu  Espírito Santo”.

A Escritura, porém, afirma que Deus procura aqueles que O adorarão “em espírito e em verdade.” À luz da Escrituras, fica claro que é ignorância e tradição sem fundamento pedir ao Espírito Santo que encha uma substância física com o seu poder. (O ritual de preparação do crisma e do encanto em volta dele lembra-me as bruxas da obra Macbeth, de Shakespeare, que proferiam as seguintes palavras: “Em dobro, em dobro labuta e penar, fogo queima e caldeirão borbulha”.) Contra esse tipo de coisa, há dois milênios atrás, Cristo Jesus estabeleceu um princípio com muita clareza: “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida”.

Dando seguimento à investigação

Nos jornais que, há anos havia eu guardado, haviam muitos registros sobre a confirmação. Logo cedo nos meus sete anos no Sul de Trinidad, tinha começado a prática de dois anos de preparação para este sacramento nas igrejas onde eu servia. Já no final dos sete anos, também, introduzi a prática de fazer reuniões de sondagem com os jovens e seus pais para ver como tinha sido a efetividade da crisma.  Os jovens e os pais eram convidados para reuniões na igreja. Pedia testemunhos dos jovens que mostrassem que suas vidas haviam mudado pela crisma. Ficava chocado, primeiramente, com o pequeno número dos que apareciam dentre os que tinham sido confirmados e, depois, como eram poucos os pais e até as mães que se davam ao trabalho de estar presentes. Ficava motivado, porém, ao ouvir uns poucos jovens contarem coisas que me agradavam, mas, de algum modo, dentro de mim estava começando a compreender, mesmo naqueles anos, em Ponte-a-Pierre, Gasparillo, Baia de Claxton e Marabella, que a crisma não livrava de nada, exceto que tornava a pessoa mais atada à Igreja Católica.

No final dos meus sete anos na paróquia de Sangre Grande, o povo haveria de testificar que gastei mais de dois anos preparando jovens para a crisma. Lá, entretanto, como parte da instrução, cada jovem tinha que comprar  uma Bíblia Católica de Jerusalém. O grupo principal eu mesmo treinei, enquanto professores voluntários ensinavam os subgrupos. Esses subgrupos eram chamados por nomes de livros da Bíblia. Era dito aos jovens de cada grupo que estudassem a Bíblia, especialmente, um livro do Novo Testamento, depois do qual seu grupo recebia o nome do livro correspondente. Um aditivo tóxico naqueles anos foi o fato de ter eu também dado, a cada jovem o livro católico intitulado A Mensagem da Salvação. Este livro não dá a mensagem bíblica de salvação, mas a mensagem dos ensinos católicos. Por exemplo, a lição 13 deste livro começa a sessão completa sobre os sacramentos com o título: “Cristo vem a você nos sacramentos da Igreja Católica”. A lição 16 tem o título: “Cristo envia o Santo Espírito nos sacramentos da Confirmação”. Diz assim:

No sacramento da confirmação o Santo Espírito vem à nossa alma para fazer-nos fortes na fé e na vida cristã. Na confirmação o Santo Espírito fortalece, completa, aperfeiçoa e consolida o que fez no batismo. Batismo é nascer na vida de Deus e na relação de membros da família de Cristo. A confirmação é o sacramento da maturidade cristã.

Era esse tipo de mistura irracional das Escrituras com a doutrina católica que eu estava ensinando aos jovens da minha paróquia. A mensagem bíblica que ensinava era em sua maior parte exterminada pelo livro A Mensagem da Salvação) e pelo cerimonial vazio dos sacramentos que fazia como padre. Por exemplo, no mesmo livro, a cerimônia pomposa da crisma é descrita:

A confirmação é ocasião para grande celebração em toda paróquia. A igreja muito  bem ornamentada e o clero de todas as paróquias vizinhas presentes para honrar o Bispo e os sacramentos que ele dará neste dia. A  grande solenidade da ocasião faz o cristão perceber o novo estado a que ele está sendo elevado e a obrigação de espalhar a fé que vem com a confirmação. (p. 103)

É intenção precisa do Vaticano que o drama teatral e o luxo com os quais o chamado sacramento da confirmação é envolvido espalhe, não a fé bíblica, mas a fé da Igreja Católica Romana. Eu oro a Deus para que as centenas de jovens que foram conduzidos por mim a se aprofundarem no catolicismo através da crisma  possam agora ouvir “a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão”. Como o Senhor proclamou: “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”. 

Selado com o Santo Espírito da promessa

A intenção de Roma, como é declarada em seus ensinos, é fazer as pessoas “vinculadas mais perfeitamente à Igreja”. Isso, até certo ponto, ela realiza sob o preço de enganar milhões. A idéia de usar um sacramento físico e ritualista, como a confirmação, para completar o batismo e selar o indivíduo com o Espírito Santo é uma tradição enganosa e que está em conflito com as Escrituras. É através do ouvir, do entender e do responder ao Evangelho que um indivíduo é incorporado ou selado em Cristo e se torna um verdadeiro cristão. Uma vez que o crente confia no Senhor, ele é selado com o Espírito Santo, como dizem  as Escrituras: “…em quem [Cristo] também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”.  A simplicidade desta verdade é tal que as Escrituras também proclamam: “E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.

Unção dos Enfermos

O ensino do catolicismo romano sobre a unção dos doentes é dado em seu Catecismo. Roma declara oficialmente:

A graça especial do sacramento da unção dos enfermos tem como efeitos:

  • a união do doente com a paixão de Cristo, para seu bem e o bem de toda a Igreja;
  • reconforto, paz e coragem para suportar cristãmente os sofrimentos da doença ou da velhice;
  • perdão dos pecados, se o doente não pode obtê-lo pelo sacramento da penitência;
  • restabelecimento da saúde, se isso convier à salvação de sua alma;   preparação para a passagem para a vida eterna.

A união com a paixão de Cristo.

Pela graça deste sacramento o enfermo recebe a força e o dom de unir-se mais intimamente à paixão de Cristo. (De certa forma ele é consagrado para produzir fruto conformando-se à paixão redentora do Salvador. O sofrimento, seqüela do pecado original, recebe um sentido novo: torna-se participação na obra salvífica de Jesus.

As lembranças mais tristes dos meus dias no sacerdócio católico foram as muitas vezes em que estive ao lado da cama de homens e mulheres que agonizavam. Nos jornais que guardei durante meus últimos catorze anos de sacerdócio, escrevi os detalhes sobre duzentos dos muitos casos em que me ajoelhei ao lado da cama daqueles que estavam passando da vida para a morte. O tema comum dos meus conselhos àqueles que estavam morrendo era que deveriam oferecer seus sofrimentos com os sofrimentos de Jesus Cristo, para participarem na redenção dEle pela salvação de suas almas e de outros. “Ofereça sua dor com a dor dEle, sua agonia com a agonia dEle. Ele nos deu o supremo exemplo de doação da vida pelos outros, e agora você entrega sua vida unida com Ele, o seu sangue com o sangue dEle para a salvação de sua própria alma e das almas de outros.”

Assim eram minhas palavras naqueles dias. Essa, também, era minha intenção

todos os anos, tendo eu devotadamente oferecido os meus próprios sofrimentos pela salvação de outras almas. Lembro-me muito bem das palavras do Arcebispo Finbar Ryan falando-nos quando éramos noviços. Em seus tons mais dramáticos, ele nos disse que imaginássemos Jesus Cristo apresentando diante de nós o cálice com seu sangue derramado. Então o arcebispo disse: “Ponha neste cálice, gota por gota, seu próprio sangue, nos sofrimentos que você oferece mostrando que sua vida é oferecida com Ele, para que o mundo seja salvo”.  Eu estava passando fielmente para aqueles que se encontravam no limiar da eternidade o que tinha aprendido de nosso mestre católico oficial, o Arcebispo Finbar Ryan, e essa era a mensagem que eu estava tentando viver.

Nos meus dias de católico carismático, o que aprendi do pentecostalismo acrescentei à mensagem católica da participação nos sofrimentos de Cristo. Registrei em meu jornal casos em que, não apenas dizia à pessoa católica que oferecesse seus sofrimentos com Cristo, mas também que orasse por fé suficiente para clamar por cura para o seu câncer e que tivesse fé o bastante que o Senhor a curaria. Desta forma eu estava dando às pessoas uma partida com dupla culpa. Crendo na suposição básica de que a unção dos doentes era uma participação nos sofrimentos de Cristo, acrescentei também a suposição básica pentecostal de que, se tivermos suficiente fé, todas as doenças e enfermidades poderão ser curadas.

Hoje, verdadeiramente, dou graças a Deus porque todos os meus pecados foram lavados no precioso sangue do Cordeiro e porque tenho perdão pelas mensagens danosas que, com toda a sinceridade, entreguei aos enfermos. Agora eu oro para que o Senhor, assim como Ele me perdoou, use até mesmo a publicação destas lembranças das mentiras faladas aos ouvidos dos moribundos para ajudar aqueles que ainda estão presos às tradições de Roma.

Oração e unção na epístola de Tiago

O Senhor Jesus Cristo deixou duas ordenanças para seu povo. Os ingredientes essenciais destas ordenanças é que são dEle e testificam sobre Ele. A oração e a unção recomendadas em Tg 5.14-16  se reduzem unicamente à “oração da fé”. A conclusão, no versículo 16, é um resumo da passagem: “Muito pode, por sua eficácia. a súplica do justo”.  Roma apropria-se desse oração recomendada e a transforma em seu sacramento a ser apresentado por seu sacerdote sacrificial. Ela termina enganando os idosos,  aqueles que estão padecendo grande dor e os que enfrentam  morte. Sua mensagem maldita é que os sofrimentos de tais pessoas podem unir-se à paixão de Cristo, como é declarado no parágrafo 1521 de seu Catecismo. Esta mensagem de “uma participação na obra salvífica de Jesus” é uma perigosa mentira dita aos enfermos e aos moribundos. No entanto, a obra redentora de Cristo é dEle, e dEle somente.

A doutrina de “uma participação na obra salvífica de Jesus” é completamente perversa, pois mantém uma falsa esperança, levando a pessoa a  confiar no sofrimento próprio e com isso acrescentando algo ao sacrifício do Senhor. Tal conceito é uma completa mentira, visto que nega as afirmações repetidas da verdade divina nas Escrituras. A obra da redenção é realizada por “Ele”, “independentemente das obras da lei”, “não de obras, para que ninguém se glorie”, “não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou”. Ensinar uma mentira de Satanás àqueles que estão morrendo é abominação.

A trágica maldição imposta aos moribundos

O romanismo também afirma que seu sacramento aos enfermos inclui “o perdão dos pecados”.  O sacerdote ao ministrar o ritual diz: “Que o Senhor que te liberta do pecado salve-te e ressuscite-te”.  O perdão dos pecados, entretanto, é o ato gracioso de Deus para com aqueles que olham para Cristo com fé e para com o crente que confessa seus pecados diretamente ao Senhor. Não está ligado a nenhum ritual. Cristo Jesus é a  vida,  e  somente  a  Ele  pertence o poder da ressurreição dos mortos e da cura dos enfermos. Somente Cristo é o objeto da fé do homem. Ao invés de olharem para o sacerdote e sua unção, na hora da morte, minha oração é que olhem para Cristo, “o Autor e Consumador da fé… assentado à destra do trono de Deus”. Desde o jardim do Éden, Satanás tem se deleitado em distorcer a Palavra de Deus. Orar pelo enfermo é, de fato, recomendado e aprovado. No entanto, Roma tomou um conselho na carta de Tiago capítulo cinco e o transformou em uma dramatização maldita para os doentes e  para os que agonizam.

A farsa não é somente para aqueles que têm consciência do que está acontecendo, mas também é recomendado que o sacerdote ministre o rito até para aqueles que estão inconscientes e, na verdade, até para os que já estão mortos. Assim o ritual da igreja de Roma afirma:

O sacramento da unção deve ser conferido aos doentes, mesmo que tenham perdido a consciência ou o uso da razão, e que, como cristãos crentes, o tenham, pedido, ainda que implicitamente, quando estavam no controle de suas faculdades.

Quando um sacerdote é chamado para atender àqueles que já estão mortos, não deve administrar o sacramento da unção… Mas, se o sacerdote tem dúvida de que a pessoa está morta, deve conferir o sacramento, usando o rito dado no número 269.

A compaixão de Cristo é necessária para aqueles que estão debaixo da crueldade do sacramento, assim chamado. Que o verdadeiro Evangelho que é o poder de Deus para a salvação, possa ser dispensado na compaixão de Cristo aos católicos doentes e aos idosos. Porque, é somente por este meio que encontrarão a vida eterna prometida nas Escrituras: “E o testemunho é este: que Deus nos deu  a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida”.

O Evangelho, ao invés de negociar com as almas dos homens

O comércio de Roma em seu sistema sacramental é um assunto grave  “porque o nosso Deus é um fogo consumidor”. O inimigo supremo de Cristo e seu Evangelho não é o materialismo ou a luxúria, mas a soberba espiritual e a apostasia daqueles que querem tomar o lugar de Cristo. A fé de um indivíduo começa e termina em Cristo, e não em rituais de desta ou daquela igreja. Quando um indivíduo crê no “unigênito do Pai”,“cheio de graça e de verdade”, ele sabe que “nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça”.

O ensino católico sobre os sacramentos como algo necessário para a salvação, é uma troca fútil e ofensiva do Senhor e doador da vida pelos seus sacramentos. O produto envolvido no batismo, na crisma e na unção dos enfermos é a almas dos homens. Homens, mulheres e crianças são levados a crer que a salvação começa no batismo e é selado na confirmação. As almas dos homens almejam “óleos santos” às portas da morte. Rituais enganosos substituem o simples ato de fé no Senhor da glória. O desígnio de Satanás é sempre substituir Cristo e Seu Evangelho por rituais e atos de devoção: “Tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes”.  Olhar os sinais físicos ao conferir “a graça sacramental” e dizer que isso é “a graça do Espírito Santo” é literalmente uma blasfêmia contra o Deus santíssimo. Não somente denigre a Pessoa e a obra do Espírito Santo, mas pressupõe que o sacerdote dispensa o poder do Espírito mediante formas fixas e automáticas. É tão grave este comércio com as almas dos homens que o mandamento e promessa do Senhor deve ser repetido: “Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso”.

Deus promete ser Pai para os verdadeiros crentes e estes serão seus filhos e filhas. Esta é a maior honra possível ao homem. Que grande ingratidão seria, se aqueles que são expostos a esta dignidade e privilégio se corrompessem por tentar substituir Cristo Jesus e a vida eterna por uma forma de piedade que não salva. Cristo Jesus prometeu: “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o quevem a mim, de modo nenhum o lançarei fora”.

Similar Posts